“A Condição Urbana, a Cidade na Era da Globalização” foi assunto de uma palestra realizada pela Prefeitura do Recife, em parceria com o Consulado da França, nesta quinta-feira (1º), às 17h30, no Teatro Apolo. O debate foi ministrado pelo filósofo e antropólogo parisiense Olivier Mongin, autor de livro homônimo, que apresenta uma reflexão sobre o crescimento desenfreado das megalópoles contemporâneas.

Para o presidente do Instituto da Cidade do Recife – Engenheiro Pelópidas Silveira, Milton Botler, que fez a abertura do evento junto com o Cônsul Geral da França no Recife, Yves Lo-Pinto; o autor traz grande contribuição pois reflete a cidade de forma abrangente. “A reflexão urbanística da cidade, sob o olhar do filósofo e anttropólogo Olivier Mongin é muito completa. desde a memória, a  vivência das pessoas e a relação da cidade com o “corpo”. Para a cidade do Recife é muito importante trazer uma discussão como essa”, considerou Botler.

Em seu novo livro A Condição Urbana – A Cidade na Era da Globalização, Mongin critica o crescimento desordenado dos grandes centros e alerta para a necessidade de uma cultura urbana dos limites. O conceito defendido por ele fala da urgência de aceitar a experiência urbana como corporal, para que a população possa experimentar sensações corriqueiras em outros tempos, como o simples prazer de poder sentar em um banco de praça e jogar conversa fora.

Nessa obra, o francês apresenta uma série de dados importantes para corroborar suas teorias. Um deles é o excessivo crescimento demográfico dos centros urbanos, que há 20 anos concentravam 10% da população mundial. Hoje esse número beira os 55%, segundo o especialista. A visita de Olivier Mongin ao Recife é parte da celebração anual da Francofonia. Além da capital pernambucana, o antropólogo passará por São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Segundo Mogin, a discussão foge do âmbito acadêmico, pois tem proporções que afetam o cotidiano de todos os cidadãos. “É muito importante falar sobre o problema das cidades não de forma puramente acadêmica, mas também política, pois a cidade se constrói por esses atores que são os gestores”. Para o antropólogo, a nova configuração dos espaços urbanos deixa para trás outro modelo de cidade, onde a população tinha a oportunidade de experimentar uma vida cultural, social e política muito mais ativa.

Para defender a ideia trazida em seu livro, utilizando o Grande Recife como pano de fundo, Mongin percorreu alguns pontos de interesse, como a Casa da Cultura, o Mercado de São José e o Centro Histórico de Olinda, além do pelo Bairro do Recife, onde teve a oportunidade de conhecer o Instituto da Cidade do Recife – Engenheiro Pelópidas Silveira e os projetos estratégicos que estão sendo desenvolvidos pela prefeitura para a área de urbanismo e mobilidade.

Em sua explanação, Mogin abordou aspectos importantes do urbanismo, como a universalidade das formas, a questão da pressão demográfica afetando o espaço habitado, o papel da arquitetura e do urbanismo para as cidades e a discussão sobre “beleza x funcionalidade” na aqritetura.

Debate – Após a palestra de Olivier Mogin, foi aberto um debate que contou com a presença da economista Tânia Bacelar, do professor Luís Nora, da pesquisadora Sônia Marques (UFPB), e do pesquisador Jan Bitu (UFPE). Após o debate, o público foi convidado para um coquetel.

O autor - Olivier Mongin nasceu em Paris, em 1951. Estudou letras e antropologia na Universidade Paris VII e história e filosofia na Sorbonne. Desde 1988 é diretor da conceituada revista Esprit e autor de uma trilogia sobre as paixões democráticas: La Peur du Vide (O Medo do Vazio), La Violence des Images (A Violência das Imagens) e Éclats de Rire (Gargalhadas). Outra obra importante de Mongin é Face au Scepticisme: Les Mutations du Paysage Intellectuel (Enfrentando o Ceticismo: As Mutações da Paisagem Intelectual).

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