Rock and Roll com sotaque nordestino deu o tom do primeiro dia da programação
Por Juliano Muta
Palco alternativo para os que querem fugir do forró tradicional, o Arraial Tomazina, que há sete anos faz parte da programação do Ciclo Junino do Recife, reuniu na noite desta quarta-feira (23), na Rua Tomazina (Recife Antigo), Escurinho e Cabruêra, dois expoentes da cena musical paraibana e a banda caruaruense Sangue de Barro. Em comum a todas as atrações, a mistura de ritmos e influências.
Abrindo a noite, o cantor, compositor e percussionista Escurinho apresentou a variedade de ritmos que está sempre presente em seus shows. O artista pernambucano de Serra Talhada, que escolheu a Paraíba como terra natal, tem nos emboladores e nos cantadores de coco sua principal fonte de inspiração. No palco, mostrou que sua música não se resume apenas ao regional que permeia seu repertório. Da embolada ao rap, passando pelo rock progressivo e até pelo samba, o músico passeia.
“Fui criado na caatinga no sertão de Pernambuco e também da Paraíba, em Catolé do Rocha. Convivia com os emboladores, mas também ouvia muito rock do Led Zeppelin”, revelou Escurinho, contando por que acredita na universalidade da música. “Não importa se é feita e Gravatá ou na Holanda, música é do mundo”, afirmou o artista, que foi acompanhado no show pelos músicos Alex Madureira (guitarra), Igor Ayres (baixo) e Fabiano Formiga (batera).
A segunda atração a subir ao palco foi a banda Sangue de Barro. Só pelo nome, já dá pra se ter uma idéia que não por acaso esses caruaruenses se referem à matéria prima do Mestre Vitalino. O grupo se juntou em 1998 e possui um disco gravado, em 2002, que leva o nome da banda. Com muita presença de palco, Sangue de Barro destilou seu rock progressivo com influências reginais, com pífano riscando melodias, acompanhado de guitarras distorcidas.
Fechando a noite, a Cabruêra esquentou o público com seu som “cabra da peste”, encerrando no Recife a turnê de divulgação de seu quarto disco, Visagem. Formado por universitários da Paraíba, o grupo já participou de festivais de música na Europa, sendo o mais recente na cidade de Liverpol, Londres. “A Cabruêra já toca em Recife há 10 anos. O legal é que hoje temos duas bandas do interior na mesma noite, a Sangue de Barro, de Caruaru, e nós, de Campina Grande. Além disso, estamos dividindo o palco com escurinho, que é um cara muito próximo da banda”, comentou o vocalista Artur Pessoa.