Evento é resultado de uma parceria entre a Prefeitura do Recife e o Governo de Pernambuco

Por Clara Albuquerque e Larissa Correia

A Prefeitura do Recife realizou durante toda a manhã e tarde desta sexta-feira (3) o I Seminário Saúde e Transsexualidade – Enfrentando Preconceitos, Promovendo a Inclusão, promovido em parceria com o Governo do Estado. Cerca de 50 profissionais participaram do encontro, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, diretores de unidades e coordenadores de políticas, entre outros. A programação abordou temas como AIDS, o uso do nome social, a relação afetiva com o(a) parceiro(a) e discriminação. O evento ocorreu no Hotel Jangadeiro, em Boa Viagem.

“O seminário é um grande passo na busca de parcerias e no planejamento de iniciativas voltadas às questões que envolvem o público trans e travesti, como a discriminação”, comentou Acioli Neto, coordenador municipal de DST/Aids e Hepatites Virais. “Nosso principal objetivo é sensibilizar os profissionais no intuito de trabalhar a transexualidade nas unidades de saúde. É um público que também necessita de acolhimento e, no Estado, ainda há poucas ações no setor voltadas para eles” ressaltou.

O evento recebeu palestrantes do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo e de Pernambuco, que falaram sobre as experiências das instituições em hormonioterapia e mudança de sexo. “A saúde é um composto de fatores mentais e físicos. Desse ponto de vista, os transexuais e travestis devem ser tratados como qualquer outra pessoa”, disse a médica Elaine Frade, do HC-SP, um dos poucos estabelecimentos públicos que realizam cirurgia de mudança de sexo.

A preocupação em passar informações sobre esse universo não se restringe aos profissionais da saúde, mas, também, à família e à sociedade como um todo. “Atender é ampliar o nosso olhar para o que é o ser humano. Então, antes de qualquer questão preconceitual, é importante que a pessoa entenda a relação que possui consigo mesma e de que maneira se sente em relação ao próprio corpo. O preconceito, na realidade, vem da falta de informação”, afirma a psicóloga e coordenadora do Ambulatório de Saúde Integral de São Paulo, Judit Busanello.

Os participantes receberam material educativo e acompanharam e interagiram com os palestrantes tirando dúvidas. “Para nós, é importante perceber a ida dos trans e travestis até as unidades de saúde. O seminário é uma oportunidade de nos aproximarmos do tema para melhor acolher esse público. Percebemos que eles não se deslocam até as unidades por medo do preconceito. Independentemente de raça, cor ou crença, somos todos iguais perante a saúde”, Renata Veras de Lima, psicóloga do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) do Distrito Sanitário I.

Também estiveram presentes no evento a secretária estadual da Mulher, Rejane Neiva; o coordenador estadual de DST/Aids, François Figueirôa; a socióloga Berenice Alves de Melo Bento, autora do livro “O que é Travesti?”; e Sabino Pinho, do HC-PE. O seminário ainda abriu espaço para a exibição de um vídeo-documentário e a divulgação dos números da AIDS em Pernambuco.