Um levantamento feito pela Secretaria de Saúde do Recife apontou resultados significativos no combate à dependência do fumo na Cidade. O resultado desta pesquisa será apresentado pela primeira vez na Oficina de Estudos Sobre Redução de Danos em Tabagismo, organizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), que ocorre nesta sexta (2), no Rio de Janeiro.

O objeto de estudo foram os usuários dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPSad), entre os anos de 2007 e 2009. A pesquisa mostra que o Recife conseguiu reduzir o quantitativo de fumantes, com médias acima das preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), graças ao trabalho desenvolvido por essas unidades.

A representante da Secretaria de Saúde do Recife, Maristela Menezes, coordenadora municipal de Controle do Tabagismo participará de uma mesa na Oficina sobre a implantação do tratamento do tabagismo nos CAPS, juntamente com representantes de outros estados.

Durante o evento, além dos números do levantamento na capital pernambucana, será relatada a experiência do Recife na implantação desses centros, que tiveram sua primeira unidade inaugurada em 2004 – o Professor José Lucena, na Imbiribeira. A partir deste momento, o dependente do fumo passou a ser tratado junto com o de outras drogas, na rede especializada, algo pioneiro na época.

No período em que o estudo foi realizado, 524 dependentes do tabaco passaram pelos tratamentos desenvolvidos nos 6 CAPSad existentes no Município. Destes, 71,8% chegaram à abstinência, ou seja, pararam de fumar. Ainda dentro do percentual, apenas 16,5% teve recaída e os demais (83,5%) largaram a dependência definitivamente, enquanto estavam vinculados ao serviço. Entre os que deixaram o cigarro, 36,3% continuaram no trabalho de manutenção da abstinência, que tem duração de um ano após o abandono da dependência. O prazo é recomendado pela rede pública. A média da OMS fica entre 30% e 35% das pessoas que permanecem esse tempo. Esses números são fruto do tratamento intensivo ao qual os pacientes são submetidos.

Segundo o secretário de Saúde do Recife, Gustavo Couto, essa é mais uma iniciativa que mostra a seriedade com que este problema de saúde pública é trabalhado. “A atuação do Município no controle do tabagismo é essencial, e se destaca como referência no combate à dependência no Recife, por meio do sucesso da implantação dos Ambientes Livres do Fumo. A nova estatística mostra que estamos colhendo bons resultados no trabalho que vem sendo desenvolvido”, aponta.

Outros dados que superam as expectativas mundiais estão ligados ao uso de medicamentos no tratamento aos dependentes. De acordo com a OMS, 40% dos pacientes que atingiram a abstinência utilizaram algum tipo de remédio como suporte à terapia. No Recife, esse percentual foi de 34,2%. A necessidade da utilização de medicamentos deu-se para aqueles que possuíam alguma co-morbidade psiquiátrica, isto é, algum outro distúrbio além do tabagismo.

A coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo do Recife, Maristela Menezes, afirma que este é um ponto bastante positivo. “Trata-se de um resultado significativo porque mostra que as equipes estão preparadas para conduzir o tratamento, a partir da abordagem ao paciente e ao trabalhar os aspectos físicos e psicológicos relacionados à dependência. Com isso conseguimos quebrar o mito da medicalização do tratamento”, explica.

Alguns desses aspectos, segundo a coordenadora, são a apresentação, ao paciente, do efeito devastador da nicotina; as estratégias para identificar e superar a crise – caso o usuário desenvolva; além de largar a importância que o fumo passou a ter em sua vida (como controle do estresse, da ansiedade, da tristeza e da solidão, por exemplo).

Tratamento – Os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPSad) são destinados ao tratamento de dependências químicas por meio de terapias em grupo, realizadas semanalmente com sessões de 90 minutos cada, aliadas a um acompanhamento individual – outro diferencial da rede municipal. Os trabalhos são desenvolvidos por uma equipe multiprofissional e, durante o tratamento, são feitas avaliações clínicas e psiquiátricas para acompanhar a situação de cada indivíduo.

O tratamento é seqüenciado; mesmo depois que os dependentes chegam à abstinência, a indicação é que os pacientes permaneçam durante mais um ano para a manutenção da terapia. Alguns optam por não seguir o tratamento, entretanto conseguem se manter longe do cigarro.

Atualmente, o Recife conta com 11 grupos compostos por 15 pessoas cada, divididos entre os 6 CAPSad existentes no Município. Para ter mais informações a respeito deste serviço, pode-se ligar para a Ouvidoria Municipal de Saúde (0800 281 1520), que funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. A ligação é gratuita.


Serviço:

O quê: Recife apresenta números acima da média mundial no controle do tabagismo.

 

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