Pela primeira vez Estado e municípios se reúnem para discutir a missão dos Centros de Testagem de Aids (CTAs) no atual perfil da epidemia em Pernambuco. A Secretaria de Saúde do Recife, por meio da Gerência de Atenção à DST Aids, participou do evento, que foi promovido pela Coordenação Estadual de DST e Aids, e aconteceu na manhã desta quinta-feira (25), no Hotel Jangadeiro, em Boa Viagem.

Dentre as presenças, a do gerente da Atenção à DTS Aids do Recife e Pernambuco, Acioli Neto e François Figueroa; da diretora do CTA Recife, Rejane Marquim, e do assessor do Ministério da Saúde, ex-diretor do Programa Nacional de DST Aids em Brasília e pesquisador do Centro de Saúde da USP, Alexandre Granjeiro. “Discutimos formas de ampliar cada vez mais o acesso da população ao serviço dos CTAs. Não pela disponibilidade, pois há capacidade para atender o dobro da demanda, mas, de encontrar formas que estimule a procura do individuo”, disse Acioli Neto.

Objetivo esse que, segundo o gerente de Atenção à DST Aids de Pernambuco, François Figueroa, não é fácil de alcançar. “Implantar e melhorar o acesso à testagem, bem como meios e estratégias de encontrar o diagnóstico, é, na verdade um grande desafio. Afinal, a população não tem o hábito de buscar a prevenção, procura atendimento médico apenas quando já está com o sintoma da doença”, falou.

No entanto, de acordo com pesquisas, se detectado precocemente e tratado de maneira correta, além de obter mais qualidade de vida, o risco de passar para outras pessoas é consideravelmente menor. “Segundo os resultados das pesquisas, entre 2003 e 2006, das pessoas que descobriram tardiamente a doença, 95% veio a óbito quatro anos após o diagnóstico”, revelou o pesquisador Alexandre Granjeiro. Por isso, o autor de um estudo realizado em 2006, em todos os CTAs do Brasil, defende a procura aos centros. “Eles são as instituições que mais conseguem trabalhar com diagnóstico no País. E a grande vantagem é o sigilo do resultado, pois, dessa forma, por mais que haja medo do resultado, o individuo se sente seguro”, exemplificou Granjeiro.

Dentre as experiências expostas, Acioli Neto apresentou as do CTA Recife, no São João de 2009, quando foram realizados 600 testes em oito dias no Sítio Trindade (Casa Amarela), e a do Carnaval deste ano (Marco Zero). Na ocasião foram feitos 512 testagens, em cinco dias de festa. “Isso mostra que as pessoas estão preocupadas em se cuidar e querem se testar”, explicou Neto.

“É extremamente positiva por três motivos. Primeiro por mostrar à população a importância do diagnóstico precoce; depois pelo fato de esse tipo de campanha estimular a reflexão sobre a própria situação de risco, ou seja, avaliar quem é o parceiro e se faz sexo seguro e, por fim, são saídas para realizar o teste de forma oportuna”, elogiou Alexandre Granjeiro.

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