A ação marca o III Encontro da Saúde e Terreiros de Matriz Africana da Capital e recebeu cerca de 150 participantes

Por Clara Albuquerque

Profissionais da saúde, lideranças e comunidade dos terreiros de matriz africana do Recife participaram, nesta terça-feira (7), do I Seminário Municipal de Saúde da População Negra – DST/Aids e Hepatites Virais e o III Encontro da Saúde e Terreiros de Religiões de Matriz Africana da Capital. Mais de 150 pessoas lotaram o Salão Arrecife, que fica no Hotel Barramares, em Jaboatão dos Guararapes, para prestigiar o evento que aconteceu no período da manhã e tarde.

Todos os participantes receberam uma pasta contendo um kit educativo, composto por revistas e livros. As quatro mesas que compuseram os debates abordaram temas diversos para a atualização dos profissionais como o racismo, a transmissão vertical do HIV, Sífilis e Hepatite B e o levantamento de dados realizado pela Vigilância Epidemiológica do Recife. De acordo com a pesquisa, em 2009, para cada pessoa não-negra com Aids, 2.8 negros morreram com a doença.

O coordenador da Política Municipal de DST/Aids e Hepatites Virais, Acioli Neto, fez a abertura do ciclo de debates apresentando o panorama da epidemia de Aids no mundo, no País e na capital pernambucana, além de destrinchar a política municipal voltada para o tema. “A invisibilidade de ações voltadas para a população negra é algo que precisamos combater. Os dados mostram que a gente precisa trabalhar de maneira mais atenta”, afirma. As propostas da política municipal apresentam o trabalho no acolhimento, nas unidades de saúde, na realização de capacitações e campanhas específicas e no combate ao preconceito.

A professora da Universidade de Brasília, Denise Botelho, que se especializou em políticas públicas de gênero, raça e juventude, falou sobre racismo e diversidade como determinantes para a saúde. “É preciso conhecer as necessidades dos grupos sociais e estabelecer metas enquanto gestor e sociedade civil. A partir disso, as ações também serão diferenciadas para atender a este público”, explica ela.

O público interagiu com os palestrantes, tirando dúvidas. Várias lideranças de terreiros do Recife estiveram presentes nas discussões. “Este evento é muito proveitoso para nós. É mais uma experiência e aprendizado. Esperamos que estas ações sempre aconteçam e teremos o prazer de receber os profissionais da saúde nos terreiros. Nosso espaço não serve só para as festas, mas para ações da saúde, também”, diz o representante da saúde dos terreiros de matriz africana do Recife, Luiz Justino.

A partir do seminário, a política de Saúde da População Negra mobilizará articulações juntamente à coordenação de DST/Aids e Hepatites Virais para 2011.“A avaliação que temos do evento é positiva. Primeiramente pelo chamado, porque as pessoas de todas as áreas se fizeram presentes. Nós conseguimos um público acima da nossa expectativa. O conteúdo apresentado contribuirá para a reflexão dos participantes com aquisição de conhecimento para suas áreas de inserção. Isso reafirma a necessidade e a importância de atuar e introduzir a abordagem racial em todas as ações de saúde. Hoje vamos refletir de forma mais ampla para definir as ações deste trabalho”, explica a gerente de Atenção à Saúde da População Negra, Miranete Arruda.