Em prosseguimento às comemorações da Semana do Meio Ambiente, a Prefeitura do Recife promoveu, durante a manhã de hoje, a mesa redonda “Mudanças Climáticas: O Recife se Prepara”. A iniciativa teve o objetivo de reunir especialistas para discutir alternativas que contribuam com o desenvolvimento do Plano Municipal de Enfrentamento ao Aquecimento Global, previsto no Plano Diretor do Recife, que deverá ser concluído em um prazo de seis meses. O encontro aconteceu na Fundação Joaquim Nabuco, no Derby, área central da Cidade e contou com a presença do secretário de Planejamento do Recife, Amir Schvartz.

A mesa foi comandada pelo diretor de Meio Ambiente do Recife, Mauro Buarque, que aproveitou a oportunidade para lançar a base conceitual do plano. A estruturação está alicerçada em alguns pontos já definidos, mas que podem sofrer alterações com o acréscimo de novas idéias que surjam durante a construção do documento. Entre os principais pontos estão: o aprimoramento dos instrumentos de monitoramento, licenciamento e fiscalização; valorização de áreas para fins de conservação da biodiversidade; ordenamento fundiário e territorial; além da gestão descentralizada e compartilhada de todas as políticas públicas.

Este último item recebeu destaque no discurso do representante da Diretoria de Meio Ambiente (Dirmam). “Esta mudança irá impactar a gestão dos diversos setores de nossa sociedade, como o planejamento urbano, transportes, energia, direcionamento dos resíduos sólidos, saúde, educação e desenvolvimento científico e tecnológico, só para citar alguns”, ponderou Mauro Buarque. O diretor acrescentou que as mudanças devem começar com atitudes simples, que estejam ao alcance de toda a população. “Precisamos sair um pouco do ambiente teórico dos especialistas e levar os ideais de preservação a todos, com ações palpáveis e de aplicação imediata”, concluiu.

Durante o debate foram apresentados estudos realizados na capital pernambucana, que demonstram os impactos já percebidos na Cidade em decorrência dos efeitos do aquecimento global. O professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ruskin Freitas, falou sobre o seu trabalho, intitulado Qualidade de Vida no Ambiente Urbano, que explica a influência das construções e edificações nas mudanças climáticas do Recife.

“Os fenômenos já são sentidos cada vez mais perto de nós. Dentro da cidade do Recife é possível observar variações de temperatura de até três graus em um trecho de praia como a Avenida Boa Viagem e uma área cercada por edificações como a Conselheiro Aguiar, que fica a 300 metros. Temos que achar um meio termo entre uma cidade compactada, com densidade demográfica elevada e prédios altos, e uma cidade dispersa, dando prioridade à conservação dos recursos naturais e áreas verdes” ponderou Ruskin Freitas.

Segundo o especialista, o processo de aquecimento global para este século é irreversível. “A visão mais otimista prevê um aumento de 1,8 grau na temperatura média do planeta para os próximos 100 anos. Já a mais pessimista pode chegar a seis graus, trazendo uma série de problemas à população. As pessoas precisam mudar os hábitos e cuidar do meio ambiente para que os danos sejam menores. O mais importante, no entanto, é saber se adaptar às mudanças e fazer a sua parte”, alertou.

A mesa redonda contou, ainda, com a participação do professor da Universidade de Pernambuco (UPE), Aliomar Pinheiro; o analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Luís Otávio Correia; e a geógrafa e professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (Cefet/PE), Maria de Fátima Moreira.

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