Durante dois dias, na quarta (02) e quinta-feira (03), uma parte do Museu Murillo La Greca, em Parnamirim, foi tomada por artigos produzidos por pacientes do Centro de Prevenção, Tratamento e Reabilitação do Alcoolismo (CPTRA), equipamento da Prefeitura do Recife, referência no tratamento de usuários de álcool e outras drogas. São pinturas em quadros, fotos tiradas na lata, bonecas feitas de papel, mandalas pintadas em LP, peças de origami, cartões decorados com pedaços de fitas entre outras formas de expressões.

A arte já faz parte do cotidiano dos usuários do CPTRA. Dentre as atividades desenvolvidas pelo Centro na busca pelo controle da dependência está o grupo de Terapia Ocupacional. Nos encontros, os pacientes são estimulados a se expressar através do desenho, da fabricação de artesanato, da pintura, da música ou da escrita. Uma vez por ano, o estímulo é intensificado e são abertas aos freqüentadores oficinas que ensinam formas diferentes de arte. Entre os dias 23 a 27 de novembro, os usuários fizeram aulas de dança, origami, bonecas de papel, quilling e outras técnicas.

Este é o terceiro ano que o CPTRA promove a mostra, intitulada de ‘CPTRArtes’. No primeiro ano, a exposição aconteceu dentro do equipamento, nos dois anos seguintes, ocupou parte do Murillo La Greca. “Entendemos que era importante mostrar para a sociedade o que foi produzido dentro do CPTRA. São obras que mostram a dor e a transformação dessas pessoas. É importante a valorização desse trabalho”, conta a Gerente Clínica do Centro, Tarciana Oliveira. As peças estão expostas para o público até o final da tarde desta quinta-feira (03).

No pátio do museu foi montado um palco, aberto para apresentações dos pacientes. A primeira atração do dia foi uma peça montada pela usuária Luciana, que há dois anos é tratada no CPTRA. O teatro conta história de uma pessoa com transtorno mental em busca de tratamento. “Me descobri muito através do teatro. Eu era muito tímida, agora, sou mais solta e me coloco mais para o mundo”, disse Luciana, um pouco antes de subir ao palco, falando sobre a ajuda da arte no seu tratamento.

Há um pouco mais de um mês no CPTRA, o paciente Miguel, produziu uma história que foi contada na abertura do evento. O conto é sobre uma fênix que precisa se jogar na fogueira para renascer novamente e ter a oportunidade de recomeçar. Uma alusão a nova vida que precisa ser construída depois do tratamento. “A arte é importante para a vida de qualquer pessoa. Ainda mais para um usuário de drogas. Além de fazer a gente esquecer o vício, ela faz a gente ter mais confiança na gente.”, resume Miguel.

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