Ao falar, na manhã desta sexta-feira (5), para mais de 100 mulheres participantes do seminário “Mais autonomia, mais cidadania e menos violência para as mulheres brasileiras”, a secretária Especial da Mulher da Prefeitura do Recife, Rejane Pereira, frisou que uma das propostas da pasta e compromisso de governo será justamente a questão de gênero.

A secretária revelou que a linha de ação da atual gestão municipal para trabalhar o segmento inclui a descentralização dos serviços de enfrentamento à violência contra a mulher, a discussão das 27 questões extraídas na última Conferência Municipal da Mulher, além de colocar na rua as propostas que irão subsidiar a elaboração do Plano Municipal de Políticas Públicas. Segundo Rejane Pereira, a previsão é que o documento seja concluído até novembro.

Palestrantes - Realizado no Auditório Capiba (15º andar do edifício-sede da Prefeitura), o seminário foi promovido pela Secretaria Municipal de Saúde com os trabalhos conduzidos pela gerente de Atenção à Saúde da Mulher, Benita Spinelli. Ela convidou para ministrar a palestra, a pesquisadora Ana Paula Portella, do Núcleo de Pesquisas Sobre Violência, Criminalidade e Políticas Públicas de Segurança da UFPE. A mesa redonda contou também com a participação da médica Carmelita Maia, coordenadora de Prevenção de Acidentes e Violência da Secretaria Municipal de Saúde.

A pesquisadora Ana Paula Portella falou sobre a cultura patriarcal e violência contra a mulher, e de que forma a dominação masculina e a subserviência feminina legitima a violência. E lembrou que estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que na Zona da Mata pernambucana o índice de violência contra a mulher é maior do que na cidade de São Paulo. “Pelo menos 35% da população já sofreram algum tipo de violência contra 27% das residentes em São Paulo”, revelou a doutoranda em Sociologia da UFPE.

Apesar dos números de mortes de mulheres em Pernambuco serem superior aos homicídios masculinos (em 2009 foram quase 300 mortes de mulheres), a pesquisadora está confiante nas políticas públicas de proteção que vem sendo adotadas, pois nos dois primeiros meses de 2010 houve uma redução de 35%, comparando ao mesmo período do ano anterior. “A Secretaria de Defesa Social (SDS) registrou até agora 31 mortes. O perfil das vítimas é de mulheres pobres moradoras da periferia da região metropolitana e das zonas rurais”, revelou Ana Paula.

Já a médica Carmelita Maia, titular da Coordenadoria de Prevenção de Acidentes e Violência da Secretaria de Saúde do Recife, que engloba os segmentos da mulher, criança e idoso, defendeu uma mudança de atitude dos profissionais de saúde ao lidar com a vítima da violência. “Temos de adequar os serviços, qualificar os profissionais e mudar a cultura de que em briga de marido e mulher, ninguém deve meter a colher, que já está tão comum no imaginário das pessoas”, frisou Carmelita.

O Seminário “Mais autonomia, mais cidadania e menos violência para as mulheres brasileiras” fez parte da programação da Prefeitura do Recife para o mês de março quando se comemora o Dia Internacional da Mulher.

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