Cultura
SEMINÁRIO DISCUTE RELAÇÃO ENTRE AS LITERATURAS BRASILEIRA E FRANCESA
00:00 Quinta-feira, 20 de Agosto de 2009
A recepção da literatura francesa no Brasil e da literatura brasileira na França foram os temas debatidos pelo Seminário Literatura, Literaturas: Um Olhar Transatlântico. O encontro foi realizado no auditório da Livraria Cultura, nesta quarta-feira (19), dentro da programação do 7º Festival Recifense de Literatura – A Letra e A Voz.
Foram convidados para essa mesa, mediada pelo professor de Letras da UFRPE, Fábio Andrade, a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luzilá Gonçalves e o pesquisador da Universidade de Clermont-Ferrand (França), Saulo Neiva. Abrindo a discussão, Luzilá Gonçalves abordou a recepção da literatura francesa no Brasil, desde o período imperial. Segundo ela, outros fatores provocaram influência francesa no Brasil. “As idéias políticas da revolução influenciaram os poetas e o meio de viver da burguesia francesa também influenciou os brasileiros, sobretudo na moda e nos costumes”, destacou.
A pesquisadora lembrou que livros franceses chegaram ao Brasil escondidos do regime, e influenciaram muito os escritores pernambucanos. Após a importação de livros ser liberada, todas as bibliotecas trouxeram centenas de títulos franceses. Outro assunto abordado por Luzilá foram os plágios de textos franceses por autores brasileiros e as referências a autores franceses em livros brasileiros. “Não há nenhum autor romântico brasileiro que não cite na epígrafe escritores franceses”, comentou.
Abordando o ponto de vista da recepção francesa da literatura brasileira, Saulo Neiva não foi muito otimista. Segundo ele “a circulação da literatura brasileira na França não é tão importante quanto gostaríamos que fosse”. Isso se deve, segundo o pesquisador, a alguns fatores centrais como a hierarquia das línguas, que considera o português uma língua periférica; a imagem do Brasil na França como um país exótico ou violento; a política cultural brasileira; a participação dos principais escritores brasileiros na França; e o papel dos mediadores de leitura.
“A imagem que se tem de um país tem um papel importante na circulação da literatura desse país e, nesse sentido, o Brasil está muito fechado para os franceses”, afirmou Neiva. Contudo, Saulo Neiva citou alguns escritores que conseguiram superar essas fronteiras e atingir o público francês como Machado de Assis, Jorge Amado e Clarice Lispector.
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