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Cultura

RODRIGO LACERDA REVELA DETALHES DA SUA TRAJETÓRIA NO PAINEL A LETRA E A VOZ
00:00 Quinta-feira, 26 de Agosto de 2010

Com sinceridade e bom humor, o jovem escritor mostrou ao público não só o seu talento mas também o que não deu certo

Por Jaciana Sobrinho

Os acertos, os erros e o processo de amadurecimento como escritor de Rodrigo Lacerda foram conhecidos pelo público na noite desta quarta (25), no painel A letra e a Voz, realizado na Livraria Cultura, durante a 8ª edição do Festival de Recifense de Literatura. Autor de sete livros que lhe renderam alguns prêmios e boas críticas, Rodrigo falou também sobre seu mais recente lançamento: Outra Vida.

Eu comecei com o Mistério do Leão Rompante, que foi resultado de um trabalho de mestrado e deu certo, recebeu o prêmio Jabuti e ótimas críticas. Já o livro Dinâmica das Larvas, sofreu a maldição do segundo livro. Ninguém gostou, ninguém comprou”, conta Rodrigo causando o riso do público. “O terceiro também foi um fiasco; eu atirei pra todos os lados tentando me encontrar. A crítica nem registrou a existência do livro. Mas hoje eu vejo tudo isso com leveza, pois foi importante para o meu amadurecimento como escritor e como pessoa, claro”, completa ele.

Em seu último livro, Rodrigo Lacerda narra a história de um funcionário de uma empresa estatal que, pressionado por necessidades financeiras, quebrou seu código de conduta e agora enfrenta a culpa e a perseguição. Ele se vê, então, obrigado a mudar de cidade buscando o começo de uma nova vida. Sua mulher, no entanto, criou raízes profissionais e sentimentais na capital, que a fazem questionar o casamento e desconfiar da salvação no passado. Por isso, luta até o último minuto contra a partida. Lentamente, contudo, raízes mais profundas do impasse vão se apresentando. Novos acontecimentos e novos personagens perturbam o momento da decisão.

Para Rodrigo, é preciso entender o que acontece no País, por isso criou um personagem que cedeu à tentação do dinheiro fácil: “Eu queria mostrar um corrupto próximo da gente, por quem as pessoas sentissem carinho. Se eu transformasse o meu corrupto num canalha, que só pensa em se locupletar, estaria fazendo uma caricatura. Mas a corrupção está disseminada na sociedade brasileira; é vício. O marido encontra mil atenuantes para a corrupção. Ele pensa: se a Constituição diz que tenho direito à educação e a tratamento de saúde gratuitos, mas preciso pagar por tudo isso, tem algo errado. O escorregão ético do marido não prejudica o bem público em nada. Ele leva um dinheiro que não sai dos cofres públicos, não adultera o resultado da concorrência, só recebe para transmitir informações,” explica.

Nesse livro os personagens não têm nome e a plateia logo quis saber o porquê. “Eu até hoje não sei direito a razão pra não lhes ter dado nomes. Talvez seja porque se parecem com inúmeras famílias da classe média brasileira ou talvez, simplesmente, porque os leitores sempre acham que o personagem principal dos meus livros sou eu. Então, já que não adianta negar, eu não preciso falar o nome”, responde com bom humor o autor. Rodrigo finaliza dizendo que não tem método único para criar suas obras. “Eu mudo o jeito de escrever de um livro pra outro; cada um passa por um processo diferente. Eu não uso uma receita de bolo”.

Sobre o autor: Rodrigo Lacerda nasceu em 1969, no Rio de Janeiro. É autor dos livros O mistério do leão Rampante (novela, 1995, prêmio Jabuti e prêmio Certas Palavras de Melhor Romance), A dinâmica das larvas (novela, 1996), Fábulas para o ano 2000 (infantil, 1998), Tripé (contos, 1999), Vista do Rio (romance, 2004, finalista dos prêmios Zaffari & Bourbon, Portugal Telecom e Jabuti) e O fazedor de velhos (romance juvenil, 2008, prêmio de Melhor Livro Juvenil da Biblioteca Nacional e incluído no catálogo White Ravens 2009). Mora em São Paulo e trabalha como editor.

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