O programa Consultório de Rua foi lançado na manhã desta sexta-feira (10), com abraços e solenidade oficial

Por Kellen Lima

Muitos abraços. Foi assim, com uma recepção calorosa, que os redutores de danos receberam aqueles que vieram prestigiar o lançamento do programa “Consultório de Rua – Reduzindo danos e resgatando a cidadania”, realizado pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Saúde, na manhã desta sexta-feira (10). O programa, que consiste na ampliação do atendimento aos dependentes de álcool e drogas, teve solenidade oficial de abertura no auditório Capiba, 15º andar do edifício-sede da PCR.

Com o novo projeto, a assistência aos dependentes químicos e alcoolistas, em situação de vulnerabilidade social, é ampliada, de forma a acolher um maior número de pessoas, especialmente os que se encontram em situação de rua. A proposta é de encaminhamento dessa parcela da população aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e albergues. “Não há como imaginarmos em uma cidade democrática, sem pensarmos nas diferenças e no respeito a elas. Não temos um modelo pronto, com respostas, por isso trabalhamos em prol de um território vivo, com possibilidades psicossociais. Por isso estamos nas ruas, estabelecendo acessos de contato e diálogos que, de forma solidária, convidam à possibilidade de viver melhor”, enfatizou Gustavo Couto.

A mesa de abertura do evento foi composta, dentre outros, pelo secretário de Saúde, Gustavo Couto; pelo assessor executivo da Secretaria de Saúde, Tiago Feitosa; pela representante do Governo do Estado, Melissa Azevedo; e pelo vereador Luiz Eustáquio, que preside a Frente Parlamentar de Combate ao Crack.

O Consultório de Rua é iniciado com cinco equipes, cada uma composta por um psicólogo, um assistente social e quatro redutores de danos. A ideia é que os grupos possam ir ao encontro dos usuários de álcool e entorpecentes, antes mesmo que eles procurem a rede municipal de saúde. Segundo o secretário, dado o programa, Recife se torna o município com maior número de pessoal a trabalhar nos grupos, dentre as 14 cidades selecionadas pelo Ministério da Saúde para esta primeira fase da proposta.

“Esse dispositivo objetiva a inclusão, o espírito de solidariedade, e faz parte de uma estratégia mais ampla de saúde mental. Com ele queremos oferecer tratamento adequado, o que é direito dessas pessoas”, ressaltou Tiago Feitosa

Vanguarda - A inclusão socioprofissional é um dos diferenciais do programa, que – contando com a participação de arte-educadores e oficineiros - oferece aulas de teatro, capoeira, percussão e beleza. Para a representante do governo estadual, Melissa Azevedo, a capital pernambucana, com tal modelo de assistência, encontra-se à frente de todo o país. “Recife está mais uma vez em posição de vanguarda, utilizando-se da criatividade para dar continuidade aos seus avanços. Quem ganha com isso é a população, em um momento de união, de solidariedade, consolidando sua política de redução de danos”, afirmou.

Mensagem - Durante o evento, os personagens Belinha, Betinha, Mané Gostoso e Mateus deram leveza ao tema. Com uma pequena e irreverente esquete teatral, eles abordaram o uso do crack e do álcool, para chegar à mensagem principal, citada por Mateus, usuário de entorpecente: “A vida de droga, na rua, não me leva a nada. Vou ao Caps, vou cuidar de mim”.

 

Antes do início do evento, os agentes realizaram uma ação no centro do Recife chamando a atenção do público para o programa. Logo nas primeiras horas do dia, os atores distribuíram vários abraços a quem ia trabalhar, para a escola e até mesmo quem passava despretenciosamente pela Ponte Maurício de Nassau. É muito bom ser abraçada com o humor desses profissionais. Desse jeito vou chegar no trabalho com outro astral, disse a recepcionista Lúcia Andrade.