Na tarde desta segunda-feira (18), a Prefeitura do Recife, através da sua Secretaria de Saúde, participou da caminhada que marca o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, que reuniu centenas de pessoas no Parque 13 de Maio, em frente à Biblioteca Pública Estadual, no bairro da Boa Vista. Compareceram à manifestação equipes técnicas e usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da PCR, além de psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e portadores de transtorno psíquico e seus familiares.

Faixas, carros de som, grupos de percussão e um apitaço marcaram o evento, que foi promovido pelo Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial (Nucem), com o tema “De Luto na Luta”. O objetivo da caminhada é combater o tratamento dos usuários de transtornos mentais ou dependência química por meio de internação em manicômios. “A intenção é que tenhamos um atendimento humanizado, com acolhimento do usuário. Não se pode retirar da pessoa o convívio com a sociedade”, explica Andréa Pinto, técnica da Gerência de Atenção à Saúde Mental da Prefeitura do Recife.

Ela explica que, no âmbito municipal, os CAPS são a alternativa mais adequada ao tratamento dos portadores de transtornos psíquicos. “Os Centros trabalham a reinserção social, a geração de renda e a questão familiar, com toda uma assistência especial. Ao contrário do manicômio, onde se verifica apenas a patologia. O objetivo é fazer com que o usuário volte o mais depressa possível à vida normal”, diz.

Em Pernambuco, são cerca de 1200 leitos psiquiátricos concentrados em Recife, para atender à demanda de todo o Estado. Entre as reivindicações do movimento, está a gradual extinção dos hospitais psiquiátricos e ampliação da Rede Substitutiva de Qualidade, com CAPS 1, 2 e 3 – este último, com atendimento 24 horas, para casos de urgência – e residências terapêuticas. “A nossa luta é pela melhor qualidade no tratamento da saúde, contra a exclusão dessas pessoas, o que requer uma rede assistencial de qualidade, que comporte a quantidade de usuários”, destacou Paula Freitas, integrante do Nucem.

Entre as participantes da caminhada, estava a psicóloga Sayuri Matsumyia, que também defende a extinção dos manicômios, por acreditar que eles não proporcionam os cuidados mais adequados. “Nós entendemos que os manicômios não favorecem a recuperação e o retorno do paciente à sociedade. E essa caminhada serve também para conscientizar a sociedade que acaba estigmatizando o ‘doido’, e acha que ele tem de ficar recluso. Já nós acreditamos que eles podem ser cidadãos comuns, que precisam apenas de tratamento”, declarou.

Centros de Atenção Psicossocial - Atualmente, a rede de saúde do Recife dispõe de 15 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que funcionam como espaços de acolhimento e atenção integral aos usuários. Trata-se de um serviço de saúde mental substitutivo à internação psiquiátrica que recebe egressos de centros de internamento com grave transtorno mental. O espaço atende, aproximadamente, 120 usuários, tratados por uma equipe multidisciplinar de 15 profissionais formada por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e enfermeiros.

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