A partir do enredo do filme Dias, que enfoca a rotina diária de um bem sucedido executivo portador do vírus HIV e sua relação com a sociedade e um grande amor do passado, foi realizado, na tarde desta quarta-feira (19), o I Vídeo-debate Saúde Mental e Aids, realizado pela Prefeitura do Recife. O evento ocorreu no auditório da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), e reuniu cerca de 30 profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial do município (CAPs) que trabalham com o consumo de álcool, fumo e outras drogas.

Organizado pela Secretaria Municipal de Saúde, o vídeo-debate teve como proposta discutir sobre a rotina de atendimento aos pacientes com HIV atendidos nesses serviços. “O ponto central dessa nossa apresentação hoje é a convivência pacífica entre pessoas soropositivas e soronegativas, e de que forma a gente pode contribuir para que essa pessoa tenha uma boa qualidade de vida, evitando preconceitos”, informou Acioli Neto, coordenador Municipal de DST/Aids da Prefeitura.

Dias é uma produção italiana de 90 minutos, cuja direção é assinada por Laura Muscardin. O filme enfoca a convivência com o vírus do HIV, mostrando como é possível para o portador levar uma vida normal. Na película, o personagem principal (Cláudio, protagonizado pelo ator Thomas Trabacchi) é um executivo bem-sucedido, com relacionamento estável e que faz uso diário do coquetel de medicamentos e realiza check-up mensal no hospital.

Logo após a exibição do filme, foi aberto o debate com o psicólogo Everton Pedrosa e com a gerente de Redução de Danos da Prefeitura do Recife, Melissa Azevedo. Ambos abriram o debate, suscitando questionamentos acerca da realidade do paciente que procura os serviços da CAPs, mas que, além dos problemas com o uso de álcool e/ou outras drogas, é portador do vírus HIV. O debate procurou focar na relação estabelecida entre essas pessoas em particular e os demais pacientes dos CAPs, além da forma como os profissionais de saúde devem lidar com os soropositivos inseridos neste contexto. A palavra “acolhimento” foi o principal mote da discussão. De acordo com Melissa, há a perspectiva de se desconstruir os diversos estigmas em torno dessa questão, promovendo um cuidado integral. “O importante é que a gente acolha e inclua essas pessoas no serviço de saúde, quebrando preconceitos e discriminações. E nós, enquanto saúde pública, devemos proporcionar uma rede de cuidados pra que essas pessoas se sintam incluídas. E nessa atividade, a gente precisa falar de acolhimento, de inclusão”, definiu Melissa.

Para Renata Almeida, gerente do CAPs Álcool e Drogas René Ribeiro, do bairro de Afogados, o debate proporciona uma reflexão sobre a forma como a própria equipe de saúde pode lidar com pacientes soropositivos. “Eu acho que a gente começa a refletir melhor a nossa prática. Que a gente tenha um olhar mais subjetivo sobre aquele indivíduo como um todo”, concluiu Renata. Desde 2006, a Prefeitura vem desenvolvendo ações articuladas entre as coordenações de DST/Aids, Redução de Danos e Saúde Mental a fim de trabalhar a questão dos soropositivos dentro do universo de usuários de álcool, fumo e outras drogas e transtornos mentais que freqüentam os serviços da rede municipal de saúde.

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