As ações voltadas à saúde da população negra serão discutidas pela Prefeitura do Recife nos dias 16 e 23 de setembro. O evento pretende atualizar os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde sobre o bem-estar e as doenças mais freqüentes entre os afrodescendentes, como a anemia falciforme – alteração genética que gera problemas na hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio nos glóbulos vermelhos. O primeiro encontro é voltado para profissionais dos Distritos Sanitários IV, V e IV e será realizado nesta terça-feira (16), das 8h às 11h30, no auditório da Policlínica Lessa de Andrade, na Madalena. No dia 23, serão capacitados funcionários dos Distritos I, II e III, no Centro Médico Senador José Ermírio de Moraes, em Casa Forte.

Um dos destaques da qualificação será a importância do preenchimento do quesito ‘Raça/Cor’ nos sistemas de identificação do paciente. Antigamente, o atendente do serviço completava o item. Agora, é a população quem declara. “Deixá-la responder qual é a própria cor é fundamental para que entendamos como a pessoa se define. Essa compreensão facilita o planejamento e o desenvolvimento de ações específicas para as necessidades dos afrodescendentes”, explica a gerente de Atenção à Saúde da População Negra do Recife, Miranete Arruda.

A expectativa é que aproximadamente 240 pessoas participem da qualificação, entre gerentes de território, agentes comunitários de saúde e técnicos e auxiliares de laboratório. Para contemplar toda a rede de atenção da capital, os integrantes do grupo atuarão como agentes multiplicadores. Desde 2002, aproximadamente 2.000 profissionais de saúde do Recife já foram capacitados para atender a doença. Nos bebês, o diagnóstico é feito por meio do teste do pezinho logo após o nascimento. Em crianças e adultos, a metodologia aplicada é a eletroforese da hemoglobina. O acompanhamento é oferecido nas policlínicas Agamenon Magalhães (Afogados), Amaury Coutinho (Campina do Barreto) e Lessa de Andrade (Madalena).

Exemplo - A Prefeitura do Recife foi indicada pelo Ministério da Saúde como referência em anemia falciforme. Diante da excelência do seu programa, em meados de 2007, a Secretaria Municipal de Saúde capacitou gestores de Uberlândia (MG), Paulista e Olinda (PE) para a implementação de estratégias de prevenção e assistência nas suas cidades. Entre os assuntos abordados estavam diretrizes e resultados do Programa Municipal de Anemia Falciforme, criado em 2001, ainda na primeira gestão do Governo João Paulo.

“A implantação do programa no Recife permitiu que o município melhorasse a qualidade da assistência prestada às pessoas com doença falciforme na nossa rede e a incorporação da dimensão racial no âmbito do SUS municipal, tendo em vista que a enfermidade atinge mais a população negra”, aponta Mirante Arruda. Com a ampliação da oferta do diagnóstico, a Prefeitura detectou que o percentual de pessoas residentes na cidade com traço falciforme é de 6% a 8%, sendo superior aos índices do Estado, que giram entre 3% e 5%. “Provavelmente, isso se deve ao fato do Recife ser uma das cidades com 53% de população declaradamente negra e parda”, acredita a gestora.

Saiba mais – A anemia falciforme é uma modificação dos glóbulos vermelhos causada por alterações genéticas. Uma das doenças hereditárias mais comuns no País, ela afeta principalmente os indivíduos da raça negra. Entre os seus principais sintomas estão palidez, cansaço, fraqueza, icterícia e maior tendência a infecções e febre. A enfermidade não tem cura, mas tratamento. Quem sofre com ela pode ter uma vida normal, desde que sejam tomados alguns cuidados.

Serviço:
Seminário sobre Saúde da População Negra, de 16 e 23
Dia 16 - no auditório da Policlínica Lessa de Andrade - Estrada dos Remédios, 2416, Madalena;
Horário - das 8h às 11h30;
Público-alvo - profissionais dos Distritos Sanitários IV, V e IV.

Dia 23 - no Centro Médico Senador José Ermírio de Moraes, em Casa Forte;
Público alvo - funcionários dos Distritos I, II e III.

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