Médicos e enfermeiros da Prefeitura do Recife estão sendo capacitados para identificar, intervir e atender a pacientes que tenham choque anafilático durante a aplicação de penicilina benzatina, empregada no tratamento de sífilis. Ao todo, serão contemplados 480 profissionais que atuam no Programa de Saúde da Família. A primeira turma recebeu o treinamento na manhã desta quarta-feira (17), na Policlínica Lessa de Andrade, na Madalena. A abertura do evento ficou a cargo da secretária municipal de Saúde, Tereza Campos. A solenidade contou ainda com a presença de gestores da pasta, do gerente estadual de DST/Aids, Fraçois Figueiroa, e de Stefan Welcovik, diretor da regional Pernambuco da Sociedade Brasileira de DST/Aids.
 
“Depois de oito anos de gestão, podemos comemorar o alcance de vários índices importantes, como a redução da mortalidade infantil, cuja meta para 2015 foi atingida já neste ano. No entanto, a ocorrência de casos de sífilis gestacional e congênita nos mostra que certas demandas precisam de ainda mais atenção. Nesse momento, estamos oferecendo uma nova estratégia de enfrentamento da enfermidade, principalmente para que nenhum profissional alegue que deixou de fazer o tratamento contra a doença por não estar qualificado ou não dispor do equipamento necessário para atuação numa emergência anafilática”, afirmou Tereza Campos.
 
Reação alérgica intensa a um elemento, o choque anafilático pode causar dano cerebral, insuficiência renal e mesmo a morte do paciente, caso não haja uma intervenção imediata na ocasião da crise. “Empregada na terapêutica da sífilis, a penicilina benzatina é uma das substâncias que podem causar manifestações alérgicas graves. No entanto, a probabilidade de isso ocorrer é inferior a 1%. Mesmo assim, esperamos que todos os nossos médicos e enfermeiros estejam habilitados a proceder com eficiência e agilidade diante de uma ocorrência do tipo”, acrescentou a gerente de Atenção à Saúde da Mulher do Recife, Benita Spinelli.
No curso, os participantes aprenderão a identificar sintomas de choque anafilático – como sensação de desmaio, inchaços nos lábios, e pulsação acelerada, entre outros –, além de aprender os procedimentos corretos para reverter o quadro clínico do paciente durante uma crise. Após a capacitação, todas as unidades da rede municipal receberão um kit para uso nas possíveis ocorrências de choque anafilático. Cada pacote tem cilindro de oxigênio, máscaras e medicação injetável. A medida facilitará ainda mais a aceitação e o cumprimento do processo por parte dos pacientes, já que o tratamento da doença poderá ser feito em qualquer PSF, sem a necessidade de encaminhamento para os centros de referência da rede municipal.
Enfermeira do Distrito Sanitário III, Fabiana Gomes foi uma das participantes do primeiro dia do evento. “Mesmo que a possibilidade de haver um choque anafilático seja pequena, temos de estar preparados para agir a todo momento. Na prática, o treinamento vai facilitar a vida do usuário, que precisaria pegar ônibus para chegar na unidade de referência e agora contará com cuidados no próprio posto. Isso ajudará também no nosso trabalho, já que poderemos monitorar de perto o tratamento dispensado aos pacientes”, destacou.
 
Os treinamentos serão ministrados por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). As capacitações seguem até a sexta-feira (19), sempre na Policlínica Lessa de Andrade.

Combate à sífilis – No Recife, entre janeiro e setembro deste ano, foram identificadas 186 ocorrências de sífilis congênita – transmitida pela mãe à criança durante a gravidez – e 46 casos em gestantes. Para minimizar a quantidade de registros e esclarecer a população sobre a necessidade de prevenção e tratamento, a Prefeitura do Recife promove atividades ao longo de todo o ano, com destaque para o mês de outubro, quando ocorre o Dia Nacional de Combate à Sífilis.

Saiba mais – A sífilis é uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum, que pode ser transmitida por meio de relação sexual, uso de drogas injetáveis e de mãe para filho, durante a gravidez. Feridas que não doem no pênis, na vagina ou ânus e manchas pelo corpo parecidas com alergia, mas que não coçam, estão entre os principais sintomas. No entanto, não são todos os casos em que eles aparecem. Por isso, a Prefeitura do Recife reforça a importância do uso da camisinha, disponível em todas as unidades de saúde, para evitar a transmissão da doença, que, se não tratada, pode levar a problemas no coração, cérebro, fígado e ossos.

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